“A vida é uma fábrica de problemas. E de felicidade.”

Eu estava assistindo “Procurando Nemo”, enquanto me recuperava de um “bolo-pé-na-bunda” em pleno domingo ensolarado. O “bolo” era de cartas marcadas, ia acontecer de uma maneira ou de outra, mas eu precisava passar pelo “fazimento” dele, de alguma maneira. Então, resolvi prestar atenção no filme, enquanto minhas entranhas emocionais doíam como se eu tivesse todas as cólicas do mundo de uma vez.

O pai do Nemo perde a esposa e toda a família. Aí, ele cria um filho deficiente e, no primeiro dia de aula, ele é raptado por estrangeiros maus, que de tão sádicos são até dentistas (piadinha infame..rs). Ele cruza os sete mares, literalmente, procurando pelo filho. Vai parar numa convenção de tubarões, explode restos da segunda guerra, se mete num mar de águas vivas, consegue carona com tartarugas, é perseguido na escuridão da fenda por um monstro, é engolido por uma baleia. Tudo isso com a ajuda de uma amiguinha esquecida de tudo. Quando ele chega lá, acha o menino, mas ainda assim pensa que ele morreu e salva a esquisitinha de pescadores ferozes. E ainda tem o filme dois, depois.

Ontem, enquanto me corroía de pena de mim mesma, e assistia a saga do pequeno Nemo, eu entendi. É, a vida é uma merda mesmo. E quando a coisa está doendo para c*¨%&* ainda vem mais e mais e mais. E ninguém está nem aí.

Precisamos ir até a fenda escura para achar os monstros e acabar com eles. Mas isso não quer dizer que não existam mais monstros lá, mas que você matou aquele que estava pior ou te atrapalhando mais. Sempre existem. Sempre existirão. Isso é a vida.

Quando a Yuko (Yuko eu te amo), do Masterchef, foi eliminada, a Paola falou para ela abrir um restaurante tailandês. Ela chegou a pedir de joelhos. O Jaquin, por outro lado,falou “restaurante é uma fábrica de problemas”. No que a Paola, do alto da sua inteligência e salto 10 respondeu “A vida é uma fábrica de problemas. E de felicidade”.

Eu cresci achando que existia o final feliz e parece que isso só acontece em casas de massagem “especiais” (se bem que eu li que já tem isso em hotéis de luxo e até para mulheres). O resto, a vida mesmo, são finais e recomeços, o tempo todo. Às vezes com as mesmas pessoas, às vezes com pessoas diferentes. Se eu for esperar o dia em que tudo estiver certo, então, esse dia nunca vai chegar.

Cada um tem um calcanhar de Aquiles. O meu é a minha vida amorosa e meu estômago, falando do plano físico. E isso não vai mudar, mesmo se eu estiver casadinha e feliz. Esse é um problema meu, não das pessoas. Não dos homens com quem eu me relaciono. Claro, eles aproveitaram muito das minhas ignorâncias, e sim foram devidamente punidos com uma longa lista de bloqueados no Whatsapp, mas ainda assim a responsabilidade é minha.  E sou eu que vai ter que mudar isso.

Quando a Marina, a minha acupunturista, pegou um ponto no meu dedo para agulhar eu comecei a chorar de dor. Não,a dor da agulha era o de menos. O problema é que eu sabia que quando ela agulha lá, as coisas mudam. O que não tem mais espaço sai da minha vida. Eu estava chorando o apego, a crença de que ainda haverá um final feliz. E como ela mesma me disse na quinta passada “Nunca você vai ter tudo perfeito. A louça lavada, o peso certinho, o trabalho em ordem, o amor perfeito”. Não, Marina,não. Porque o único final feliz que realmente existe é a morte. Ou a casa de massagem.

Que venha a fábrica de problemas.

“A oitava promessa da recuperação da dependência emocional: quando um relacionamento é destrutivo, somos capazes de nos livrar dele sem cair em depressão aguda. Temos um círculo de amigos que nos amparam e interesses saudáveis para superar as crises.”

Meditações diárias para mulheres de amam demais – Robin Norwood

 

 

Publicado por Andrea Pavlo

Analista junguiana, taróloga e mentora.

2 comentários em ““A vida é uma fábrica de problemas. E de felicidade.”

  1. uau como são reconfortantes seus textos,
    me identifico com vc na co -dependência e estou me sentindo melhor a cada dia, simplesmente vivendo , tentando procrastinar o menos possível
    também tenho calcanhar de Aquiles no amor, mas estou gostando muito de ser quem eu sou atualmente , e essa parte( love) ,vou deixar a cargo do acontecer….
    em 2013 tive fiz abdomino e mamoplastia tudo junto, e foi uma experiência fantástica…principalmente pela falta hoje da….barriga e do sutiã!!!!! engraçado, vc já deve ter feito coisas tão mais difíceis e complexas do que cirurgias….

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